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Os Antônio internos do Recanto dos Velhinhos um alfaiate e outro pintor mostram como são úteis

Dois Antônios, internos do Recanto dos Velhinhos, assim como Santo Antônio, famoso Santo comemorado no mês de junho, decidiram compartilhar os seus dons em prol da instituição. São duas histórias de vida marcadas pelo trabalho, pelas dificuldades e agora pela satisfação de servir.


Antônio de Oliveira Neto, 81, conhecido como Tony Alfaiate, está no Recanto desde fevereiro de 2021, ocupando uma vaga social. Dos 8 aos 80 anos trabalhou, mas a visão foi ficando comprometida por conta da catarata e ele precisou parar.


Antônio conta que morava na área rural de Areado, em Minas Gerais, um dia um cavalo pisou sobre o seu braço deixando-o com uma sequela, o braço e a mão endureceram e ele se sentia excluído. Aos 17 anos o caçula de quatro filhos, decidiu vir para Campinas, tinha pouco estudo fez até o 3º ano primário, mas se relacionava bem e começou trabalhar num hotel de baixa categoria, como serviços gerais e todo dia fazia banhos de água quente e sal no seu braço e com auxílio de uma tábua passou a fazer os exercícios e o braço foi melhorando.


“Eu já fazia as minhas roupas e fui me aprimorando e junto com o Dema montamos uma alfaiataria na Rua Luzitana em Campinas conhecida como Tony e Dema Alfaiataria e durante 15 anos, costurei para muitos famosos, como o presidente Juscelino Kubitschek, Ilze Scamparini. Fui muito amigo do Luciano do Vale, do Grama, Magalhães Teixeira, ex-prefeito de Campinas. Depois trabalhei na Armani, Aramis, Brooksfield, mas chegou um momento que a visão não permitia mais”.


Tony teve um relacionamento que durou 20 anos, um filho, e três netos. “Muitas coisas aconteceram na minha vida, perdi tudo, fiquei depressivo e com síndrome do pânico, tive 11 crises, até que cheguei ao Recanto dos Velhinhos, onde fui bem acolhido, com um tratamento de primeiríssima qualidade, não quero nem pensar em sair daqui”.


Antônio conta algumas passagens, gostava de dançar, e foi o pai quem o ensinou e isso ajudou a conquistar as garotas. “Me vestia bem e apesar do defeito do braço isso não era mais problema pra mim, tinha facilidade de fazer amizades e sempre corri atrás do que queria, gosto de ler e o último livro que li aqui no Recanto, falava sobre o poder da esperança. A vida é assim um dia você ri e outra chora, precisamos sempre arrumar mais motivos para sorrir e viver a vida”.


Hoje sem catarata, Tony queria fazer alguma coisa, sentir-se útil e começou a fazer barras de calças dos funcionários do Recanto, a administradora Valquiria Sperancian Mancebo sabendo de seus dotes, trouxe a sua máquina emprestada e ele passa horas, no atelier improvisado, costurando retalhos, vai fazer uma colcha de retalhos toda colorida.

O seu grande desejo é ter uma máquina de costura elétrica igual à que usava, para poder fazer trabalhos melhores e ajudar ao Recanto dos Velhinhos.


Outro Antônio


Antônio Moura da Silva, 64 anos, prestes a completar 65 anos, está no Recanto desde Setembro de 2019, também ocupando uma vaga social.

A história desse valinhense, pedreiro, pintor, jardineiro que residia no Jardim Pinheiros teve uma reviravolta quando sua esposa morreu após 24 anos de convívio. “Sou muito conhecido em Valinhos, mas fiquei atrapalhado e sai de casa e fui morar na rua, fiquei nessa situação quase um ano, eu cuidava de carros estacionados próximo ao Banco na Praça Washington Luiz, limpava calçadas para ganhar algum dinheiro, procurava me manter limpo com a barba feita, o banho eu tomava na Assistência Social. A rua sempre me deu muito medo, sofri discriminação e como as demais pessoas nessa situação, também consumi álcool, até o dia em que tive uma bactéria no pé e precisei amputar um dedo. Fiquei na Santa Casa 13 dias, no momento da alta eu não tinha para onde ir e me mandaram para o Recanto”.


“Sou muito grato em estar aqui e hoje quero retribuir tudo o que recebo do Recanto dos Velhinhos. Eu estou bem e quero ser útil, estou fazendo a pintura interna da entidade, vou pintar a administração, o bazar, isso me dá uma grande alegria porque me sinto feliz e tudo o que eu puder fazer aqui, estarei sempre à disposição” disse Antônio.


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